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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Há situações que me deixam triste e revoltada não apenas porque me fazem recuar no tempo e me trazem sofrimento, mas também porque vejo que apesar de terem passado 17 anos, as dificuldades, os receios e os impedimentos são os mesmos.

Falo de violência domestica, do querer sair do casamento e não "poder".

Já a conhecia há muitos anos e já tínhamos conversado sobre o seu casamento, mas há bastante tempo que não falávamos sobre o assunto e o que sabia ultimamente era através dos comentários que as pessoas faziam.

Foi ela que puxou a conversa, disse-me que há muitos anos que não tinha umas ferias como as ultimas, que tinha ido à praia com as amigas e as filhas, que se tinha divertido e que não tinha sido preciso andar atrás do marido a pedir dinheiro. Contou-me também que durante os 10 anos que estavam casados o ordenado dela era movimentado por ele. O ordenado ia para o banco, mas era ele que tinha o cartão multibanco era ele que lhe dava todos os dias apenas 1 euro. Sim, leram bem, apenas 1 euro. 

Perguntei-lhe o que fazia com o euro e respondeu-me em jeito de o desculpar " era apenas para beber um café porque o resto das compras era ele que as fazia."

Conheço tão bem aquela "obrigação" em desculpa-los, em arranjar uma desculpa para que não pareça tão mau.

Perguntei-lhe se ele ainda era violento com ela, pois sabia das varias ameaças de morte que já lhe tinha feito e das varias coisas partidas em casa. Diz-me "Desde que arranjou outra já não é tão violento, mas no outro dia disse-me que qualquer dia explodia com a casa. Sabes ficou danado quando fui ao banco abrir uma conta apenas em meu nome e quando viu que o meu ordenado já não ia para a conta dos 2."

No meio daquela conversa disse-me que quando chegasse a casa ia descansar porque tinha estado a fazer o almoço para lhe deixar, tinha mudado a roupa da cama dele, lavado e passado alguma roupa que ele tinha deixado no chão.

Antes de abrir a minha boca pensei com cuidado, mas apenas me saiu " espera lá, espera lá tu está a dizer-me que lhe fazes comida, lhe lavas a roupa, passa a ferro quando aquela besta arranjou outra pessoa e te trata abaixo de cão?"

"Sabes tenho medo que ele tire fotos da casa desarrumada e que isso sejam provas que ele use contra mim".

Restava-me perguntar se já tinha pensado em se separar dele. A resposta dela é a mesma que milhares de mulheres dão " Com o ordenado mínimo vou viver para onde?"

Olhando para trás sei que se não me tivesse apaixonado por outra pessoa e ela por mim, se não tivesse tido a coragem de ir contra tudo e todos, se não tivesse abdicado dos bens materiais (e não eram poucos) hoje provavelmente estaria a viver uma situação semelhante a esta pessoa.

 

 

 

 

2 comentários

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    marrocoseodestino 05.09.2016 16:55

    É verdade incentiva-se, mas depois a pessoa tem de se desenrascar sozinha.
    Esse é o maior problema.
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