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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Ontem aqui em Marrocos foi feriado, dia da Independência, mas o Miguel optou por ir trabalhar para poder tirar o dia de sexta e termos um fim de semana maior. 

De todas as vezes que visitei o país senti-me segura, mesmo quando saí sozinha por isso todos os dias em que o Miguel está trabalhar eu tenho aproveitado para passear.

Da janela do apartamento vi a grande movimentação junto ao estádio e resolvi que era para lá que iria. Sabia que eram doidos por futebol, a grande maioria das vezes havia desacatos, mas como tinha ouvido dizer que o Rei iria lá estar achei que não seria arriscado. Roupa discreta, calçado confortável e maquina fotográfica na mão lá fui eu a caminhar durante alguns quilómetros. Com o céu azul, sol, muitos espaços verdes bem cuidados o passeio era agradável. Durante as minhas estadias nunca me apercebi que algum homem se tenha metido comigo ou feito algum comentário, mas ao longo daquele passeio apercebi-me de alguns. Até chegar ao estádio e apesar de caminhar lado a lado com centenas de homens não me senti insegura e não era alguns comentários que me iam fazer voltar para trás. Ainda assim mentalizei-me se houvesse algum problema tinha sempre a policia para me proteger. De poucos em poucos metros havia policia portanto estava safa. Não foi preciso recorrer a eles e não sei se o conseguia fazer quando passei junto às roulotes de comida e fiquei rodeada de homens. Nesta altura fiquei um pouco receosa, ainda mais achava que era a única mulher por aquelas bandas. Mais tarde vi apenas uma dúzia delas. A única explicação que encontro é que as mulheres não gostem de futebol, uma vez que aqui elas têm os mesmos direitos que os homens (claro que haverá excepções, tal como em Portugal). Quando me vi menos rodeadas de homens tirei algumas fotos ao estádio, às claques e a algumas motoretas com nomes engraçados (Ronaldomotorcycle). Adoro tirar fotos, mas há algumas regras que impus a mim mesma.  Não tiro fotos quando estão a rezar e olhem que por vezes são às dezenas por aqueles relvados enormes e nos sítios mais estranhos, não tiro fotos às mulheres com burka, nem à policia. 

Adoraria ter ido ao futebol, mas achei que poderia ser um risco demasiado grande. Os atentados em Paris tão recentes deixaram-me insegura no meio de muita gente. À partida e sendo verdade que o rei estaria no estádio não haveria problema, pois os marroquinos adoram-no, mas decidi que estava na hora de regressar a casa.

Ouvi algumas buzinadelas, algumas palavras que não entendi, alguns sorrisos, mas o percurso foi tranquilo sem problemas. Bem...quase.

O transito é uma loucura especialmente nas rotundas e aproveitei para descansar um pouco numa perto de casa. Sentada num dos muros, maquina fotográfica preparada vejo um camião com varias pessoas penduradas na porta traseira, coisa habitual, diga-se. Tirei algumas fotos e quando as pessoas saltaram para o chão, porque segundo me pareceu o camião não ia para onde eles queriam  decidi gravar as varias tentativas de saltarem para outro. Não estava muito perto e só me apercebi que era miúdos quando atravessaram a estada e encaminharam-se mais perto da zona onde eu estava. Foi nessa altura que vi que um deles tinha  cara tapada com uma mascara usado pelo grupo anonymous e foi nessa altura que ele me viu. Disfarcei o melhor que podia que estava  tirar fotos a vários sítios quando o vejo a barafustar junto a mim, não só ele mas o grupo todo. Vi-me rodeada de 7 fedelhos, um deles furioso que continuava aos berros e eu apesar de não perceber nada e estar assustada faço-lhe o gesto a perguntar o que se passava. Confesso que achei que estava tramada, que me tinha metido em sarilhos e que ou ficaria sem a minha querida maquina ou levava um enxugo de porrada. Embora me tenha mantido firme e não ter mostrado medo o que é certo é que estava em pânico e a tentar pensar como sair daquela situação. Tinha visto um segurança de um dos estabelecimentos bem perto e não mexeu uma palha para me ajudar, as varias pessoas que ali estavam idem aspas aspas...

Finalmente apareceu um senhor já com alguma idade. Não sei o que falaram,  imagino que tenha dito para me deixar em paz, mas percebi que o outro fedelho de mascara continuava a dizer que eu tinha tirado fotos. Ao fim de alguns minutos um do grupo faz um gesto a pedir desculpa e o outro segue o seu exemplo. Foram embora e eu também, mas antes agradeci varias vezes ao meu salvador.

A caminho de casa lembrei-me desta situação caricata . Até à data tenho tido sempre alguém que me safa.

Seja lá como for daqui a nada vou dar mais uma voltinha e seja o que Deus quiser. 

Ah continuo a gostar desta cidade e mudaria para cá sem hesitar.

 

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