Conheci a Sofia no emprego, é daquelas pessoas de sorriso lindo, grandioso e verdadeiro. A voz calma e num tom perfeito que nos consegue acalmar.
Não trabalhamos juntas, mas gosto de a ver quando lá vai. Durante umas semanas não a vi por lá e em conversa com outras colegas soube que tinha casado. Recordo-me de pensar na sorte da pessoa que ela tinha escolhido para seu marido. Passado uns dias e apesar de ainda estar de ferias fez-nos uma visita e com ela vinha uma rapaz que eu achei que seria paciente dela. Notava-se algumas limitações de deslocação do rapaz e sendo ela fisioterapeuta só poderia ser isso. Aproximámo-nos e com aquele sorriso lindo diz-me "olá Joana, este é o João, o meu marido."
Naquela altura saiu-me um "Olá tudo bem", mas por segundos fiquei a pensar e agora o que faço, o que digo?
Confesso que não estava à espera que o marido dela sofresse de algum tipo de deficiência, por isso a minha dificuldade em não saber o que dizer. Recordo-me de lhe perguntar "andas a mostrar o teu trabalho?" e recordo-me de lhes desejar felicidades.
Não posso negar que na altura, interiormente fiquei constrangida (sem saber o porquê) e tinha receio que se pudesse notar.
Na minha cabeça a única possibilidade que via era que fossem namorados e que em determinada altura tivesse algum acidente e tivesse a infelicidade de ficar assim. Normalíssimo, pois eu jamais deixaria o meu Miguel, ou passaria a ama-lo menos se tivesse naquela situação ou algo do género.
Das primeiras vezes, depois dela mo ter apresentado ainda pensava como seria a vida dela, mas rapidamente deixei de pensar, pois o sorriso dela enorme continuava inalterado. Isso queria dizer que estava feliz.
Meses mais tarde lei-o esta noticia http://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-tipo-todo-torto-que-insiste-em-ter-uma-vida-normal-1673713# e fiquei rendida e emocionada com esta história de amor.
Quem quiser pode seguir a história do João aqui:
http://cenouranacalcada.wordpress.com/2014/10/27/cenoura-na-calcada-vamos-la/