Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Sexta feira fui jantar fora e vivi uma situação que veio reforçar a duvida que já tinha em relação ao que se passa com a humanidade, em especial com os homens.

Já estávamos sentados quando chegou um casal com 2 crianças, uma com cerca de 13 anos e outra com uns 3 anitos. Sentaram-se na mesa ao lado da nossa e não me recordo de os ter ouvido conversar até ouvir a voz do homem bastante alterada e a insultar a mulher. "Cabra" e afins, tal como todo o palavreado possível e imaginário. Inicialmente achei que estava a falar com alguém ao telemóvel, não que isso fizesse com que a situação tivesse desculpa, mas quando tive a certeza de que estava a falar para a mulher fiquei chocada. Eu e o Miguel olhávamos um para o outro como que a perguntar se aquilo seria a serio. Numa determinada altura oiço a mulher a dizer "não sou tua mulher" e resposta dele "pois não, és só a gaja que eu sustento".

Houve alturas que achei que ele ia partir para a violência física. Eu olhava para ele a tentar que se envergonhasse e parasse com aquelas provocações, mas ele parecia possuído.

Acabaram por ir embora e inevitavelmente ficámos a falar daquela situação. As perguntas que eu fiz e ainda faço é o que aconteceu aquela mulher depois de estar longe dos olhares de outras pessoas. E as crianças? Como se sentem a ouvir aquele homem a insultar a mãe? O que poderia eu fazer para parar com aquilo?

Espero que aquela mulher nunca faça parte desta longa lista.

 

 

 

 

Há situações que me deixam triste e revoltada não apenas porque me fazem recuar no tempo e me trazem sofrimento, mas também porque vejo que apesar de terem passado 17 anos, as dificuldades, os receios e os impedimentos são os mesmos.

Falo de violência domestica, do querer sair do casamento e não "poder".

Já a conhecia há muitos anos e já tínhamos conversado sobre o seu casamento, mas há bastante tempo que não falávamos sobre o assunto e o que sabia ultimamente era através dos comentários que as pessoas faziam.

Foi ela que puxou a conversa, disse-me que há muitos anos que não tinha umas ferias como as ultimas, que tinha ido à praia com as amigas e as filhas, que se tinha divertido e que não tinha sido preciso andar atrás do marido a pedir dinheiro. Contou-me também que durante os 10 anos que estavam casados o ordenado dela era movimentado por ele. O ordenado ia para o banco, mas era ele que tinha o cartão multibanco era ele que lhe dava todos os dias apenas 1 euro. Sim, leram bem, apenas 1 euro. 

Perguntei-lhe o que fazia com o euro e respondeu-me em jeito de o desculpar " era apenas para beber um café porque o resto das compras era ele que as fazia."

Conheço tão bem aquela "obrigação" em desculpa-los, em arranjar uma desculpa para que não pareça tão mau.

Perguntei-lhe se ele ainda era violento com ela, pois sabia das varias ameaças de morte que já lhe tinha feito e das varias coisas partidas em casa. Diz-me "Desde que arranjou outra já não é tão violento, mas no outro dia disse-me que qualquer dia explodia com a casa. Sabes ficou danado quando fui ao banco abrir uma conta apenas em meu nome e quando viu que o meu ordenado já não ia para a conta dos 2."

No meio daquela conversa disse-me que quando chegasse a casa ia descansar porque tinha estado a fazer o almoço para lhe deixar, tinha mudado a roupa da cama dele, lavado e passado alguma roupa que ele tinha deixado no chão.

Antes de abrir a minha boca pensei com cuidado, mas apenas me saiu " espera lá, espera lá tu está a dizer-me que lhe fazes comida, lhe lavas a roupa, passa a ferro quando aquela besta arranjou outra pessoa e te trata abaixo de cão?"

"Sabes tenho medo que ele tire fotos da casa desarrumada e que isso sejam provas que ele use contra mim".

Restava-me perguntar se já tinha pensado em se separar dele. A resposta dela é a mesma que milhares de mulheres dão " Com o ordenado mínimo vou viver para onde?"

Olhando para trás sei que se não me tivesse apaixonado por outra pessoa e ela por mim, se não tivesse tido a coragem de ir contra tudo e todos, se não tivesse abdicado dos bens materiais (e não eram poucos) hoje provavelmente estaria a viver uma situação semelhante a esta pessoa.