A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.
A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.
Durante anos comia apenas porque tinha de comer e não conseguia tirar prazer numa refeição. O Miguel dizia muitas vezes que ir a um restaurante comigo era um desperdício, pois nem metade do prato conseguia comer. Com os meus 43 anos, mais coisa menos coisa comecei a ter apetite e a tirar prazer do que comia. Se antes ficava enfartada só de olhar para o prato agora fico mesmo enfartada por devora-lo.
Portanto aliar ferias, escapadinhas e comida é pura felicidade. Somos muito fieis aos sítios, mas também adoramos conhecer novos. Portanto não é de admirar que a grande maioria das minhas fotos passassem a ser com o prato à frente.
Como alguns sabem estou por Marrocos. Cheguei sexta feira, a viagem correu muito bem, tão bem que consegui ler quase todo o livro " A minha história com Bob". Adorei o livro. Estava a precisar de uma história "leve" (sim, as lágrimas quiseram saltar algumas vezes). Ainda acerca da viagem e devido à queda recente do avião russo dei por mim, ainda no aeroporto a pensar se não andaria nenhum louco por ali à espera de explodir o aeroporto ou o avião? Uns dias antes conversava com o Miguel " e se acontece o mesmo que aconteceu ao avião que explodiu?". Como sempre arranjou uma resposta que me tranquilizou "Achas que iam dar-se ao trabalho de colocar uma bomba num avião que leva apenas umas 50 pessoas?".
Não que não fosse possível, mas quis acreditar que tinha razão e felizmente teve.
Sempre que viajo tenho o habito, mesmo tentando evitar, de olhar para os passageiros que entram no avião. Como se costuma dizer "quem vê caras não vê corações", mas olhando para as caras e não vendo nenhuma que me faça desconfiar vou mais tranquila (eu sei que é estupidez, mas o pensamento é mais forte que eu). Desta vez foi muito fácil e rápido fazer essa observação, pois éramos apenas 9 pessoas. Sim, apenas 9. Tantas como alguns táxis levam.
Ainda no aeroporto verifiquei que a segurança estava mais apertada. Desta vez com um aparelho verificaram as alças da minha mala de mão, o interior, assim como a minha cintura.
Já em Marrocos, no sábado (ontem) pela manhã abro o PC e leio as noticias. Quando li o que tinha acontecido em Paris tive dificuldade em acreditar no que estava a ler. Infelizmente noticias destas têm sido constantes e não deveria ser mais chocante esta noticia do que aqueles atentados no Iraque, na Síria ou noutro país qualquer, mas o que é certo é que me deixou ainda mais assustada. O facto de ser aqui tão perto, de ter familiares por lá e de estar a pensar dar uma escapadinha naquela cidade brevemente deixou-me ainda mais arrepiada e assustada.
Durante o nosso passeio pela cidade o Miguel decidiu levar-me a um Souk (mercado) que eu ainda não conhecia. No meio daquele aglomerado de gente veio-me o pensamento de alguns atentados nos mercados. Felizmente esse pensamento passou rapidamente e não interferiu no passeio, mas cada vez mais pensamentos destes me ocorrem.
Hoje combinamos ir passear a Casbah de Tânger ou seja ao castelo. Já conheço um pouco, pois na penúltima vinda a este país tive a sorte de ter como guia uma marroquina que me mostrou a beleza deste sitio. Agora queremos descobri-la nós os dois. Se me perguntarem se vou tranquila tenho de admitir que um ou dois pensamentos parvos me assolam, mas não vou deixar que isto me estrague o dia. Como diz a minha mãe "Seja o que Deus quiser"
O estaminé tem andado um bocadito abandonado por duas razões, uma porque aqui a "Je" ainda não se encontra totalmente recuperada (arre!) e depois a vinda do Miguel "roubou-me" todo o tempinho que tinha livre. Como devem calcular foi um sacrifício tirar 2 diazitos de ferias para juntar ao fim de semana de folga e ficar os 4 dias juntinhos a namorar. Namorar sem grandes excessos, uma vez que na situação que me encontro não convêm ficar sem ar.
Num dos últimos post tinha ficado de contar sobre a minha gafe em Marrocos, pois aqui vai.
Num dos passeios que fizemos e quando estávamos a utilizar a auto-estrada precisei de utilizar a casa de banho e logo que apareceu uma estação de serviço lá fui eu.
As estações de serviço são iguais às nossa, com restaurante, parque infantil e casas de banho. Olhei e vi umas instalações, tipo barracão com 4 portas onde tinham designações em francês e em árabe. Duas das portas diziamhomme e outras duas diziam femme e eu pensei "Bem, devem ser balneários e casas de banho". Aflitinha como estava arrisquei e entrei numa das senhoras e mal meti os pé dentro da porta sinto algo muito fofo. Olho e vejo tapetes típicos marroquinos e penso "mas porque raio têm tapetes em casas de banho publicas?". Depois de um pequeno corredor viro à esquerda e vejo uma mulher nas rezas. Estava explicado aquilo era um sitio para rezar e eu ali estava calçada e mulher aos meus pé a barafustar. Digo barafustar, pois pela maneira que se exprimia e com os olhos com que me olhava tive a certeza que eu tinha pecado.
Saio a correr já a imaginar que arriscava ser vitima da ira do seu Deus ou mesmo de algum popular. Pior fiquei quando vejo um velho direito a mim. Na altura achei que estaria desgraçada e que me mataria à pedrada mas pergunta-me "toilett?".
-Oui, oui respirando de alivio. Sim, alivio porque aparentemente estava safa da gafe que tinha cometido e porque continuava aflitinha para ir à casa de banho.
Aquela alminha bondosa levou-me ao sitio certo e agradeci " Merci, merci".
Chegada ao carro conto ao Miguel e à Rita aquela situação que ainda me fazia ter o coração acelerado. Ela dizia "Só tu para entrares no sitio errado (como se ela não o fizesse)" e ele ria " Tiveste sorte de não estares no Irão ou na Arábia Saudita"
Nunca gostei muito de regras e não gosto de fazer isto ou aquilo apenas porque os outros fazem, mas em relação à religião tento cumprir e por isso mesmo quando o Miguel foi para Marrocos informei-me de algumas regras para não fazer figuras parvas, mas ainda assim sempre que lá vou faço-as.
Ainda me arrepio de pensar que entrei na mesquita calçada, com top de alças, de calções e com a cabeça descoberta. Portanto com tudo com o que não devia!
Menos mal que não entrei na parte dos homens...penso eu.
Acabadinha de chegar sã e salva. A viagem de ida e volta correu bem, apenas com umas pequenas turbulências , que deixaram a filhota em alerta. Não sei se é de ter feito varias viagens ultimamente ou se era dela estar comigo desta vez estive tranquila e sem medo.
Quanto à estadia, foram poucos dias, mas valeram a pena e aproveitamos ao máximo. Nem tudo foi perfeito, pois a minha tosse e rouquidão acompanharam-me em toda a estadia o que fez com que algumas memorias não sejam as melhoras. Em algumas noites acordei sem conseguir respirar e o pânico foi tanto que achei que morreria. Nunca tal me tinha acontecido e foi de tal maneira assustador que ainda hoje tenho medo de adormecer e ter de passar por aqueles segundos que parecem uma eternidade até a respiração voltar ao normal. Espero não ter de voltar ao medico.
No meio destes 4 dias ainda consegui ser protagonista de uma gafe capaz de me matar se tivesse acontecido no Irão ou na Arábia saudita. Será o próximo post que agora a menina vai trabalhar.
Vou deixar um aviso pedido aos Srs. da TAP ou a quem a comprar. Nem pensem em aumentar os preços das viagens para Tanger, pois aqui a menina gostaria de fazer mais visitas ao marido. Sim, daquelas visitas surpresa para ver se ele não anda a meter o "pé na argola".
E já agora façam o favor de baixar os preços, que isto de pagar mais do que 250 euros pelas viagem não me deixa manobra para comprar uns "trapinhos". E como sabem, se são sabem deviam de saber, mulheres com "trapinhos" novos são mulheres felizes.
Sim, poderia atravessar de barco, mas aqui a menina tem medo do mar, portanto não é solução.
E porque hoje falei com uma colega sobre segurança no trabalho lembrei-me desta foto
que tirei numa das visitas a Tanger.
Esta obra fica em frente ao apartamento do Miguel e muitas vezes fiquei à janela a olhar horrorizada para a segurança em que aqueles trabalhadores faziam a obra.
Boinas no lugar dos capacetes, não há cordas para amparar as quedas e as várias tábuas onde caminhavam eram tão finas que até faziam arco.
Resta dizer que estavam num 5º andar.
Homens com tomates!
Nos 16 anos em que vivo com o Miguel posso contar pelos dedos de uma mão as cenas de ciúmes que fiz e nunca em público, diga-se.
No outro dia mandou-me uma foto para o meu email, que eu sabia ser de um novo restaurante que abriu em Tanger, de comida portuguesa.
Ao ver a foto, reparo em algo que me fez pensar que tinha ido almoçar acompanhado. Na altura, confesso não pensei em alguma mulher, mas em algum amigo com que por vezes almoça. Quando falamos no Skype e depois de ele me ter contado sobre o restaurante e sobre a comida perguntei-lhe com quem tinha ido. Olhando para a foto e ouvindo a resposta dele fiquei desconfiada.
Esta foi a foto
e aguardo que me digam porque achei que tinha ido almoçar com mais alguém.
Se ninguém, ao olhar a foto visualizar o que eu visualizei, mando-me internar!
Depois de quase um ano, o maridão viver em Tanger descobri que andou este tempo todo a colocar amaciador no compartimento do detergente para a pré lavagem.
Está explicado quando me dizia que o detergente não era muito bom e que a roupa não saía macia e cheirosa.
Menos mal que colocava o restante detergente no compartimento correcto.
Homens!
A meio das minhas férias o Miguel deu um mau jeito nas costa e aqui devo esclarecer que foi no trabalho, não vão as mentes perversas pensar que foi noutra actividade que não a laboral. Resultado, ficámos o resto da semana em casa.
Aquilo que ele achou que passaria no dia seguinte, levou-o ao medico, a tomar medicação forte e a muito descanso.
No dia da minha partida e como ele já se podia movimentar sem muitas dores fomos até à minha loja preferida, que felizmente ou infelizmente (depende do ponto de vista) fica a 5 minutos de casa. Aquela loja poderá ser a minha desgraça. As coisas não são caras e cada peça é uma tentação.
É esta a loja que me poderá arruinar, um dia.
Desta vez apenas trouxe duas peçitas (pelo Miguel eu traria muitas mais, mas aqui a menina fez um esforço e controlou-se)
Nayara e eu tínhamos chegado ao topo. Não tinha sido fácil a subida, mas a vista era deslumbrante e deixou-me se palavras. Conseguia alcançar o Estreito de Gibraltar e algo que me deixava confusa. Via várias pequenas mesas forradas com lindos azulejos em vários patamares, pela montanha abaixo e rodeadas de arvores e plantas. Poderia dizer que cada patamar era uma varanda. Via também vários telheiros em que o telhado era de zinco, repletos de gente...homens e mulheres à mesa e sentados em cadeiras de plástico. Que lugar seria aquele?
Pergunto-lhe no meu português com mistura de espanhol "Qué és esto?"
-Hafa Café.
Explicou-me que ali iam escritores, músicos e actores famosos e que era um dos lugares típicos de Tanger.
Nada melhor que beber um típico chá de menta para nos aquecer. Não me recordo de alguma vez ter andado tantas horas à chuva, mas também não me recordo de ter visto algum local assim tão especial e romântico.
Anseio por lá voltar, mas com o sol a acompanhar, assim como a companhia do maridão.
Já em casa e depois de um banho quente, pijama vestido dedico-me à pesquisa daquele local.
Observo as fotos de outros viajantes e prometo a mim mesma que também as tirarei, um dia.