As aventuras na quinta "La Dionisia" não tinham acabado, depois do almoço com comida tipica cubana a pessoa responsável, Nemesio Guillen Suarez foi connosco mostrar a quinta e dar-nos a conhecer a sua história.
Tudo aquilo tinha sido de um francês rico Francisco Duran e sua mulher Denise Rubier Le Rua. Durante os anos 20, 30 e 40 os 160 escravos trabalhavam do amanhecer ao anoitecer a troco de um prato de comida. Quando algo não corria bem eram chicoteados vezes sem conta. Contou-nos também que tinham alguns escravos não para trabalhar na terra, mas para procriarem. Estes comiam varias vezes ao dia para serem fortes e saudáveis, depois eram metidos em quartos juntos com as escravas onde elas era obrigadas (tal como eles) a terem relações sexuais para engravidarem. Cada negra apenas podia dar à luz 6 vezes e caso ficasse grávida depois disso espancavam-na até perder a criança. Depois eram vendidas ou mortas. Estas historias tinham sido contadas pelo ultimo escravo que a quinta tinha tido, Vitoriano.
Imaginar todas as cenas e pisar o chão onde tudo aquilo tinha acontecido arrepiava. As crianças que nasciam tornavam-se assim os escravos mais fortes e valiosos.
Mostrou-nos onde tinha sido a maternidade, a casa dos escravos, o cafezal e a arvore da sorte. A Seiva, uma arvore enorme que envolve um ritual. Segundo reza a lenda, a pessoa deve dar 3 voltas à arvore bater nela 3 vezes e pedir um desejo. Como não podia deixar de ser este ritual foi feito por nós acompanhado por um rumbar de tambores.
O final da visita também foi emocionante e assustador para mim, como não podia deixar de ser.
Nunca tinha andado a cavalo, aliás o cheiro deles e a sua altura medonha nunca me tinha feito querer experimentar. Ora eu ali não tinha grande hipótese de fuga. Afinal o que era um cavalo comparado com o crocodilo António?
Bem, sinceramente foi mais fácil pegar no bicho do que andar em cima do animal. Euzinha no meu 1,54 centímetros mal chegava com os pés ao "pedais", portanto equilibrar-me estava longe de ser fácil ou seguro. Confesso que pensei que me iria estatelar no chão e teria de vir engessada para Portugal. Imaginava as perninha brancas e decorada com desenhos e dizeres, tal como no meu pensamento faziam parte um colar cervical. O que vale é que o meu pessimismo não costuma virar realidade.
Ah, não fosse eu a pedir um cavalo mais pequeno, depois de ver a besta que os moços da quinta tinham escolhido para mim certamente ia para ao chão. Ainda pedi um pónei, mas disseram que póneis não tinham.