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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Acredito que em todas as instituições de idosos os dias mais cansativos sejam ao fim de semana. A redução de funcionarias nestes dias é enorme.

Num destes fins de semana em que andava a correr feita barata tonta encontro a D. Maria junto ao quarto e diz-me:

-Menina Joana preciso de ajuda para tirar o vestido.

- Tirar o vestido? Mas D. Maria faltam 10 minutos para o jantar.

- Pois faltam, mas tenho de o ir tirar.

-Mas depois de jantar vai-se deitar, qual é o problema de comer com ele?

-Quero e pronto!.

Eu estava stressada, pois tinha insulina para administrar, dar medicação e ajudar a servir o jantar e ali estava eu a aturar um capricho. Sim era um capricho já que a senhora não se costumava sujar. Contrariada acabei por lhe dizer:

- Está  bem D. Maria vou fazer-lhe a vontade, mas vou dizer-lhe que para isso vou ter de tirar uma das colegas que estão a dar comida às pessoas que não conseguem comer sozinhas.

Fui, mas fui danada.

No final já depois da senhora ter trocado de vestido e de ter jantado chama-me e diz-me:

-Oh menina Joana desculpe de à pouco...

-Não há nada para desculpar, mas continuo a não perceber porque o tinha de tirar a tão pouco tempo de se deitar.

-Era para não o sujar, embora seja para lavar.

-O quê? É para lavar? A senhora fez-me arranjar alguém para lho tirar porque não o queria sujar e agora diz-me que é para lavar? 

- Não se enerve, menina.

Ela queria que eu não me enervasse? Digam-me como era possível?

 

Quando escrevi este post sobre o envelhecimento dos que são nossos tive um comentário em que dava a entender que eu era insensível na minha profissão uma vez que olhava para os meus pais de outra forma. 

Pois bem mais uma vez trago um tema que poderá fazer com que me vejam como insensível na minha profissão.

Vários utentes da Instituição onde trabalho têm a doença de alzheimer. Dou-lhe banho, visto-os, dou-lhe comida, muitas vezes à boca, dou-lhes afecto ( quando mo permitem, pois alguns não gostam), converso com eles, mesmo sabendo que aquela conversa é um emaranhado de historias sem sentido. Além das muitas vezes que tenho de lidar com a agressividade da parte de alguns. Faz parte da profissão saber lidar com isto. Se é fácil? Não não é. Muitas vezes dou por mim a tentar imaginar como seria a vida daquela pessoa antes de ter a doença, como seria a sua vida familiar e se a pessoa foi tendo a noção da evolução da doença.

Seria uma péssima profissional se dissesse que não me entristece e me choca ver situações destas, mas seria hipócrita se dissesse que sinto exactamente o mesmo quando tenho de lidar com familiares meus ou com pessoas próximas de mim com esta doença.

Quando recebo um utente novo é-me apresentado com as suas limitações, com as suas doenças portanto é assim que o vejo. Agora ver um dos meus a decair e a transformar-se em alguém que não conhecemos é bem mais duro, mais triste e mais difícil de aceitar.

O meu sogro tem perto de 90 anos, ficou viúvo há vários anos e depois de ficar fechado em casa bastante tempo conheceu uma senhora que lhe veio dar um novo alento à vida. Cá em casa dizemos que é a namorada, mas ele quando se refere a ela diz "a minha colega Josefa". Não vivem juntos mas estão diariamente juntos. Se bem que ultimamente não acontece com a mesma frequência para tristeza dele e nossa.

Foi ela mesma que me falou que tinha a doença de Alzheimer. Na altura achei que talvez estivesse a exagera um pouco, pois não via nenhum sinal da doença. Infelizmente não estava.

Ontem vimos a tristeza com que o meu sogro falou da namorada colega e nos contou alguns episódios.

Dizia ele " A Josefa esteve cá em casa no outro dia e depois de ir embora telefonou-me a perguntar se a mala dela tinha cá ficado. Disse-lhe que não e ela continuava a insistir que tinha de cá estar. Perguntei-lhe de onde estava a telefonar e disse-me que era de casa. Disse-lhe "Oh Josefa se entraste em casa é porque tinhas a mala porque as chaves estavam lá dentro". Como insistia que que as tinha deixado aqui acabei por lá ir. Então não é que a tinha arrumado no roupeiro e não se lembrava?"

 " Cada dia que passa está pior. No outro dia fomos passear e quando a fui levar a casa disse-me para esperar que ia lá cima buscar umas coisas que tinha comprado para mim. Esperei mais de meia hora e como não vinha fui tocar à campainha.Quando entrou em casa esqueceu-se de mim".

Serei uma má profissional por sentir uma maior tristeza nesta situação do que com os utentes com que trabalho?

É impossível não olharmos para os nossos com outro olhos...

 

 

 

 

 

 

Fico passada dos carretos quando oiço coisas do género "A família não quer saber dele e enfiou-o num Lar", " A obrigação da família é tomar conta dos idosos",  e quando li alguns comentários sobre este caso ainda fiquei mais passada.

Estes são só alguns que me fizeram dizer uma data de caralhadas  "E estes avós porque é que tiveram de ir para o lar? A mesma neta que tira fotografias e não respeita a privacidade deles, não poderia levá-los para casa dela ou mobilizar toda a família para resolver o problema? Porque é que tem de ser sempre o Estado a resolver os problemas? Quando forem a ver, todos vivem confortavelmente, gastam pipas de massa em vícios e com animaizinhos domésticos, lugar para os velhos é que népias... É mais fácil dizer que precisam de ajuda... pois tratar deles dá muito trabalho e despesa. Esquecem-se que é para onde caminhamos e nem todos chegámos à velhice. HIPOCRISIA e FALTA DE VERGONHA!"

"Que tristeza de familia. ...egoismo a flor da pele....onde estão os filhos??? Será k estes dois idosos não merecem ser respeitados!!!É absurdo....repugnante...a familia ( filhos ) ter tempo para tudo e não têm tempo para os cuidar.....o Karma existe minha gentinha"

 Quantas pessoas fazem comentários do género sem saberem se a família tem condições para conseguir lidar com o familiar? Quando falo em condições não me refiro monetariamente, mas às condições de saúde do idoso, às condições da casa, se a família tem maneira de se ausentar do emprego para cuidar da pessoa ou se o idoso pode ficar sozinho em casa durante umas horas?

No outro dia fiquei chocadissima com uma colega em que falava de uma idosa que sofre da doença de Alzheimer e que ambas conhecíamos. O marido tinha-a colocado numa instituição para poder descansar durante umas semanas. A minha colega dizia-me " Para descansar? Ele não quer é cuidar dela"

Eu até compreendo (mas irrita-me) que as pessoas que não fazem a pequena ideia do que é cuidar de alguém com a doença de Alzheimer possam ter comentários do género, mas uma pessoa com anos de experiência a cuidar de idosos deveria pensar de outra forma. 

Imaginem algumas situações:

-Pedirem a uma pessoa para se vestir e ela não conseguir. Vocês tentam fazer essa tarefa e ela não deixa. Pior ainda, torna-se violenta. Vocês vão tentando com calma e paciência e ao fim de 10 minutos a pessoa continua por vestir.

-A pessoa não come sozinha e quando vai para a ajudar recusa comer. Você vai tentando com calma e paciência e a pessoa não come. Pior ainda fica violenta e manda com o prato pelos ares.

- Durante a noite ambos estão a dormir (doente e cuidador) e quando o cuidador acorda vê a pessoa e tudo à sua volta sujo de fezes.

Estes são apenas 3 exemplos com que os cuidadores poderão ter de lidar diariamente. Será difícil imaginar o cansaço físico e psicológico destas pessoas? Podemos condenar ou apontar o dedo aos que se sentem exaustos e colocam o seu familiar numa instituição?

Falando agora sobre o caso da noticia do casal que foi colocado em Lares diferentes.

É triste e acreditem que me choca muito, mas não posso condenar a família. Que sabemos nós para apontar o dedo?

-Não sabemos se o casal tem condições de saúde para ficar numa casa. Existem doenças em que não são compatíveis com o conforto do seio familiar.

-Não sabemos se as casas dos familiares têm condições para os receber. Há casas que têm de ser adaptadas para reunir condições para que os doentes possam estar em segurança, mas nem todas as casas podem ser adaptadas.

- Não sabemos se os familiares têm disponibilidade para ficarem com eles. São raras as pessoas que não necessitam do ordenado ao fim do mês para sobreviver, como tal não podem arriscar a perder o emprego. 

-Não sabemos se os familiares têm conhecimentos de como cuidar deles. Há doenças que é necessário serem 2 pessoas ao mesmo tempo a cuidar para não colocar em risco a vida da pessoa. Refiro-me aos posicionamentos e às transferências para a cadeira de rodas ou cama.

Não sei a realidade dos outros países, mas imagino que seja a mesma que por cá existe. Existem falta de Lares, como tal vão enchendo rapidamente e quando acontecem situações do género não existem quartos vagos para entrarem 2 pessoas ao mesmo tempo.

Resumindo: 

Na minha opinião a ida da pessoa para um Lar deve de ser o mais tardia POSSIVEL (dependendo da opinião da pessoa, pois há casos em que querem mesmo ir). Deixar o seu espaço e os seus objectos deve de ser doloroso, tal como deve de ser doloroso para os familiares terem de tomar esta decisão, mas muitas das vezes a ida para uma Istituição é a uinica possivel. A minha experiêncial profissional leva-me a não apontar o dedo a estes familiares ou a casos do genero.

 

 

 

Uma das partes chatas de ir de ferias é fazer a mala, certo?

Não, não vou de ferias novamente (com muita pena minha).

Não é novidade de quem aqui costuma passar que é uma tarefa que me deixa ansiosa, mas pior fico quando tenho de fazer a mala para alguém que não eu.

Pois, calhou-me faze-la a um idoso e agora estou aqui ansiosa para passarem os 15 dias e saber se estava tudo o que deveria de estar ou se a família não me irá chamar de louca atendendo à quantidade de roupa que lá meti.

Deus me livre e guarde para não ter de fazer mais nenhuma.

 

 

Ontem ouvi uma pessoa a falar sobre o caso da idosa que matou à bengalada outra idosa. Dizia a fulana "A culpa é do Lar. As funcionarias não estavam atentas. Deixam os idosos sozinhos e depois acontece isto."

Por mais que eu explicasse à senhora que eram situações que podiam acontecer em qualquer lado, que os idosos não eram todos bonzinhos, que tal como os mais novos também eles tinham acessos de loucura e faziam disparates a mulher batia na mesma tecla "A responsabilidade é do Lar".

Hoje por acaso encontrei esta reportagem e fiquei feliz por ter alguém que compreende e dá valor a esta profissão tão... desprestigiada.

Não são todas as pessoas, mas muitas ainda continuam a achar que esta é uma profissão que só vai quem não arranja outra coisa, que são para pessoas de baixos rendimentos e sem estudos. Ainda oiço (felizmente cada vez menos) dizerem-me " Trabalhas num Lar? Deixa lá qualquer dia arranjas melhor."

Pois, pessoinhas que pensam assim deixem-me explicar que aqui a "Je" ganha mal, mas trabalha com gosto, dedicação e profissionalismo, fui eu que escolhi esta profissão, não me considero menos profissional que um Dr/ª , alguns idosos e familiares tratam-me com desrespeito e arrogância, mas apesar de tudo continuo a ter orgulho e prazer naquilo que faço.

Quanto às agressões entre idosos apesar de serem chocantes, são situações normais de acontecer. São pessoas que tal como os mais novos fazem disparates e têm atitudes condenáveis. 

É chocante acontecer num Lar?

Não acontecem situações desta natureza em casa? Na rua?

Num Lar não há uma funcionária para cada idoso, não estamos ao pé deles 24 horas por dia, tal como em casa as famílias também não estão.

Infelizmente são coisas que podem acontecer em qualquer idade, em qualquer local e com ou sem acompanhamento.

 

 

 

 

 

Ao longo de 10 anos de trabalho na área de geriatria foram muitas as situações com que tive de me controlar para não falar o que me apetecia. A grande maioria das vezes com os familiares dos utentes. Aqueles que acham que por pagarem podem exigir tudo e mais alguma coisa, mesmo coisas que sabem que nem nas próprias casas o conseguem fazer. Dou um exemplo de um utente vir para a Instituição com 2 pares de calças, 2 ou 3 camisolas e a família achar que é roupa suficiente para poder ser lavada, seca, passada ferro e arrumada no roupeiro no mesmo dia. Quando o vem visitar e o vêm vestido com calças que a instituição arranjou não gostam e reclamam que a pessoa tem roupa própria. Nessas alturas eu digo " Agora imagine que vestimos umas de manhã e se suja ao almoço. As primeiras vão para lavar, mas como deve calcular cuidar da roupa de mais de 50 idosos não nos permite ter a roupa pronta de imediato. Até na nossa própria casa não conseguimos fazer isso".

Casos do género eu consigo lidar sem demonstrar desagrado, mas lidar com pessoas mal educadas e ridículas e que se acham engraçadas não consigo evitar de deixar estampado no meu rosto o meu desagrado.

À uns dias tive um desses momentos.

Os familiares de um utente vieram à Instituição para dar uma triste noticia à pessoa. Pediram-me apoio caso se sentisse mal. 

Queriam falar com ela sozinhos e coloquei-os à vontade para caso necessitassem tocassem à campainha que iria de imediato. Passado uns minutos a campainha tocou e claro a primeira ideia foi que seriam eles. Verifiquei que não eram, mas ainda assim fui até ao quarto saber se necessitavam de algo. Um dos familiares agradeceu e diz-me que ela estava bem. Um outro a rir diz-me algo que na altura achei que tinha percebido mal e digo-lhe "desculpe não percebi". Volta a dizer-me "Estaria bem se me trouxesse uma cervejinha geladinha".

Confesso que tive de me controlar muito para não lhe perguntar se achava que aquele era o momento indicado para fazer uma piada?". Olhei para ele com olhar de indignação e volto as costas. Passado uns minutos vi-o e ainda pensei que me viria pedir desculpas, mas o parvalhão limitou-se a olhar para mim com olhos e riso de quem se estava a meter comigo.

Espero não me cruzar com ele tão depressa, pois para a próxima poderei não conseguir evitar de responder. 

 

 

 

Umas semanas antes do ano acabar deparei-me com uma situação que me fez pensar nos idosos (e não só) que têm de apresentar IRS e não têm computador ou não sabem mexer nele, ou não têm dinheiro para pagar a quem lho faça.

Há alguns anos que sou eu que faço o IRS dos meus pais, mas tenho-o feito em papel. Ora como este ano resolvi fazer via internet e pedi-lhes para irem às finanças pedir para lhe enviarem as senhas.

Segundo a minha mãe a senhora que os atendeu parecia que estava a falar chinês. Dizia palavras que ela nunca tinha ouvido e outras que apesar de as ter ouvido não sabia o que queriam dizer. A velhota vinha muito mais descansada porque a senhora tinha escrito num papel os passos a dar para pedir as senhas. Foi neste momento que pensei nas tais pessoas que não percebem nada disto e não têm ninguém para os ajudar. Sim, segundo a minha mãe a senhora das Finanças disse-lhe que tinha de pedir alguém para a ajudar pois ali só lhe podia tirar duvidas.

Ora mesmo que continuasse a fazer o IRS em papel, teria de ir ao portal das Finanças verificar as facturas. Logo precisaria das senhas. Se não fosse eu e não podendo contar com a ajuda da funcionaria como iriam fazer?

Não será obrigação dos funcionários das Finanças ajudar quem não sabe? (não digo que a falha seja dos funcionários, mas antes das ordens)

Haverá por aqui algum contabilista?

 

 

 

 

Penso que a grande maioria dos que aqui passam sabem que trabalho com idosos e sabem também que a grande maioria dos dias adoro a minha profissão e outros...Deus me ajude a aguentar.

Como em todas as profissões há dias terríveis. Aqueles dias em que sei que tenho certas tarefas e não as consigo cumprir, sim porque lidar com pessoas idosas o ritmo não é igual todos os dias. Depois há os dias em que lidar com as famílias é mais difícil do que lidar com o idoso. Nos dias em que os imprevistos acontecem (quase todos os dias) a grande maioria das vezes tornam o turno mais cansativo e desanimador. Depois temos os dias em há mortes. Poderia dizer que esses são os piores, mas nem sempre o são. Há uns anos, antes de tirar o curso de Geriatria afirmava que nada seria pior que a morte, mas depois vários anos a trabalhar nesta profissão já não penso assim. Não acredito que estar agarrado a uma cama, sem se poder mexer, falar  ou expressar-se de alguma forma e ainda apercebermo-nos que a pessoa sofre seja preferível do que morrer.

Esta noite morreu-me uma utente. É triste é certo, mas acredito que tenha sido melhor assim. O sofrimento era grande e nada mais havia a fazer.

Voltando ao meu curso, sempre que falávamos da morte dizia que não iria saber lidar com ela, que iria fugir e que jamais iria conseguir fazer a higiene  ou vestir uma pessoa morta. Pois, 8 anos após aqui estou eu a falar da morte e de todo o processo que a envolve com  a maior naturalidade. Tornei-me fria? Não, apenas aprendi a lidar com algo tão natural como a morte.

Paz à sua alma.

 

Na possibilidade de ter tido outra vida antes desta não duvido que deva ter feito muito mal e que agora estou a pagar por isso. Se não vejamos, a grande maioria que aqui passa sabe que trabalho com idosos portanto não é de admira ter de mudar muitas fraldas, limpar muitos rabos e limpar muitos vomitados. Nada de anormal e nada que me faça diferença, mas se eu pudesse evitar estas tarefas não hesitava. A semana passada já que eu não tinha ido para a muda da fralda (tarefa estipulada a varias funcionarias depois do almoço dos velhotes) e apesar de ter outras tarefas importantes achei que devia ir mudar a fralda a uma utente que tinha acabado de chegar de uma consulta. Uma das colegas que estava estipulada para isso disse que iria lá, mas eu disse-lhe  "não te preocupes que eu vou lá". Somos uma equipa e acho que se nos ajudar-mos o trabalho torna-se mais fácil e o ambiente pode fica melhor. Armada em "Madre Teresa de Calcutá" lá vou eu e o que recebo em troca?

Uma fralda bem recheada de "bosta".  Não pude deixar de pensar " Quem te manda armares-te em santinha?".

Depois desta tarefa nada agradável fui arrumar roupa nos roupeiros. Quando entro num dos quartos apercebo-me que a D. L. estava na casa de banho e confesso que fui pé ante pé para ela não me ver. É pá não me apetecia nada ter de mexer novamente em "bosta".  Não valeu de nada o meu cuidado, pois ouço-a "Oh menina, Oh menina". Certo que poderia fazer que não tinha ouvido, mas não tive coragem e lá fui eu tratar dela. Mais uma fraldinha recheada.

Para justificar o meu pensamento inicial digo-vos que hoje apesar de estar de folga parece que estou a trabalhar. Os meus ricos gatinhos decidiram vomitar e lá tive eu que ir limpar a porcaria. Não pensem que foi só um, pois os dois decidiram que a dona não devia de estar esparrameirada no sofá muito tempo.

A minha vida é isto!

A intenção deste post não apontar o dedo a quem faz greve ou a quem não faz. Cada um sabe de si, mas sempre que as há haverá sempre quem seja prejudicado e que a vida nesses dias vire um inferno.

Acabei de ler a noticia que dia 19 de Maio haverá greve no Metro de Lisboa http://www.publico.pt/local/noticia/trabalhadores-do-metro-de-lisboa-marcam-greve-para-19-de-maio-1694292

e pensei na sorte que é viver em pequenas cidades. Certo que vivendo na minha cidadezita não tenho lojas de grandes marcas, nem tenho grandes opções de cultura e entretenimento, mas não sofro com estas greves constantes. Confesso que stressada como sou se tivesse que passar por isto iria ficar mais impossível de aturar.

Em relação à TAP não vale a pena falar do grande transtorno e implicação monetária que está a ter na vida dos passageiros, mas receio que esta greve vá ter grande impacto na vida de alguns trabalhadores.Que esta decisão não engrosse a lista de desempregados neste país. Imagino que nem todos os trabalhadores daquela empresa ganhe ordenados como os dos pilotos e nem todos teriam facilidade de arranjar trabalho como os pilotos (penso eu).

Já agora, será que eu e a minha colega poderíamos fazer greve e não ir trabalhar esta noite e deixar os 50 e tal idosos sozinhos?