Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

A história que trago é real e recheada de sentimentos. É longa por esse motivo irei contar por partes.

O meu sogro ficou viúvo há cerca de 13 anos e durante o ano seguinte quis viver o luto em casa abdicando das coisas que gostava de fazer. O teatro e coro que fazia parte. 

Inicialmente fazia-lhe a limpeza semanal, mas rapidamente me pediu para ser ele fazê-la pois era uma forma de passar o tempo. Passava a ferro, fazia a limpeza ( ainda que tenha o defeito terrível de não deitar nada fora, mas ficará para outro post), fazia comida (embora fosse quase sempre batatas e bacalhau) e ainda tinha genica para ir cultivar o terreno. Durante cerca de 1 ano estas eram as tarefas e apenas saia quando não tinha alternativa. 

Depois daquele ano enclausurado começou a sair regressando ao teatro, ao coro e aos bailaricos. Ficámos contentes por ter recomeçado a viver.

Recordo-me do natal há 11 anos atrás, tinha ele 78 anos,quando o questionámos se tinha uma namorada (tínhamos ouvido uns comentários) . Entrou na brincadeira e confessou que tinha uma colega dos bailaricos, chamada Josefa. Brincamos com a situação dela ser 20 anos mais nova.

O tempo foi passando e acabaram por se tornar inseparáveis. Para o filho aquela relação era algo de bom e fazia o pai feliz.

Confesso que inicialmente colocando o meu pai na situação dele me fez alguma confusão. Pensar que ele tinha outra mulher que não a minha mãe e eu aceitar era como se eu própria a tivesse a trair. Em conversa com o Miguel acabei por entender que o importante era a felicidade actual e não viver agarrado ao passado.

Sempre que o velhote estava connosco falava da senhora com um carinho enorme e naturalmente que a convidámos para o natal em nossa casa. Vimos com os próprios olhos a felicidade deles. Aliás fisicamente o homem tinha ganhado anos de vida. 

Os anos foram passando e eles todos os dias estavam juntos. Para nós era um descanso, pois sabíamos que se apoiavam um ao outro.

Há cerca de 1 ano encontrei-a e revela-me que lhe tinha sido diagnosticado alzheimer.

 

 

Conheci a Sofia no emprego, é daquelas pessoas de sorriso lindo, grandioso e verdadeiro. A voz calma e num tom perfeito que nos consegue acalmar.

Não trabalhamos juntas, mas gosto de a ver quando lá vai. Durante umas semanas não a vi por lá e em conversa com outras colegas soube que tinha casado. Recordo-me de pensar na sorte da pessoa que ela tinha escolhido para seu marido. Passado uns dias e apesar de ainda estar de ferias fez-nos uma visita e com ela vinha uma rapaz que eu achei que seria paciente dela. Notava-se algumas limitações de deslocação do rapaz e sendo ela fisioterapeuta só poderia ser isso. Aproximámo-nos e com aquele sorriso lindo diz-me "olá Joana, este é o João, o meu marido."

Naquela altura saiu-me um "Olá tudo bem", mas por segundos fiquei a pensar e agora o que faço, o que digo?

Confesso que não estava à espera que o marido dela sofresse de algum tipo de deficiência, por isso a minha dificuldade em não saber o que dizer. Recordo-me de lhe perguntar "andas a mostrar o teu trabalho?" e recordo-me de lhes desejar felicidades.

Não posso negar que na altura, interiormente fiquei constrangida (sem saber o porquê) e tinha receio que se pudesse notar.

Na minha cabeça a única possibilidade que via era que fossem namorados e que em determinada altura tivesse algum acidente e tivesse a infelicidade de ficar assim. Normalíssimo, pois eu jamais deixaria o meu Miguel, ou passaria a ama-lo menos se tivesse naquela situação ou algo do género.

Das primeiras vezes, depois dela mo ter apresentado ainda pensava como seria a vida dela, mas rapidamente deixei de pensar, pois o sorriso dela enorme continuava inalterado. Isso queria dizer que estava feliz.

Meses mais tarde lei-o esta noticia http://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-tipo-todo-torto-que-insiste-em-ter-uma-vida-normal-1673713#  e fiquei rendida e emocionada com esta história de amor.

Quem quiser pode seguir a história do João aqui:

http://cenouranacalcada.wordpress.com/2014/10/27/cenoura-na-calcada-vamos-la/

 

 

 

 

Acontece por vezes amigas desabafarem sobre a vida, sobre os problemas da vida e os arrufos com os companheiros e por norma oiço e não gosto de dar opiniões. Já diz o ditado "entre marido e mulher não metas a colher".

Mas quando ontem encontrei uma  amiga e quando lhe pergunto se está tudo bem e me responde com os olhos cobertos de lágrimas "não", a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que tinha sido despedida. Pois, não foi  e se lhe perguntar se preferia tê-lo sido não tenho duvidas na afirmação.

O problema é que o companheiro de 10 anos de namoro e 4 meses de vivencia em comum lhe tinha dito que sabia que não a ia conseguir fazer feliz, nem ele proprio o ser com ela.

Mais um pensamento na minha cabeça " Encontrou outra pessoa". Segundo lhe disse não tinha mais ninguém, mas os sentimentos que sentia por ela não eram os mesmos que antes  e que o que o fazia feliz eram os hobbies dele. Também lhe disse que muitas vezes fazia tempo para não ir para casa, pois não se sentia bem por lá.

A miúda, sim uma jovem de 24 anos é uma miúda e estava inconsolável.

Perguntei-lhe o que tinha mudado nestes 4 meses e segundo ela nada. Ou seja ele com os hobbies dele passava muito tempo fora e ela ficava  à espera dele. Perguntei-lhe também como era o namoro e contou-me que nos 10 anos em que namoraram tinham dois dias por semana para se encontrarem e namorarem (isto fazia-me lembrar o meu namoro há muitos anos).

 Ao longo desses anos apenas tirava dois dias por semana para estar com ela os  restantes eram dedicados apenas às coisas que gostava e que lhe davam prazer. E não me refiro ao emprego, porque ai seria diferente. Imagino que depois de irem viver juntos a consciência dele começava a ficar pesada por saber que ela estava sozinha em casa à espera dele.

Sentia que o mundo estava adesabar, mas achava que ele apenas estava confuso e que iam ficar bem. Achava ela e achavam grande parta das pessoas que sabiam da história.

 Infelizmente eu não tenho tanta certeza assim. São vários os sinais, sinais esses que eu já vivi. Muitas coincidências...que me fazem ficar de pé atrás. Certo que cada caso é um caso e o desfecho pode ser diferente.

Apenas lhe pedi para pensar a longo prazo. Pensar se daqui a 2, 3 anos se vê com a mesma vida e se acha que será feliz.

Em resposta diz-me que o ama, que não se importa de ficar em casa à sua espera e que ultimamente ela lhe tinha dito algumas coisas que não queria dizer.

 Coisas como " Sinto-me apenas como a tua empregada", "Chegas a casa e não me ajudas".

Infelizmente estas frases dizem muito e se as disse é porque as sentiu nessa altura.

Espero que consiga ver a longo prazo que se poderá ser feliz ou não e tomar a decisão certa.

Ontem foi dia de aniversário de vida em comum.

Há 16 anos dávamos início a algo que a grande maioria das pessoas conhecidas achavam ser apenas uma aventura, uma loucura e algum oportunismo da minha parte em relação à parte monetária (que não existia, mas as pessoas achavam que era rico) e da dele apenas aproveitamento carnal.

Pois, bem temos vivido grandes aventuras, temos tido algumas loucuras e aproveitamos todas as oportunidades que a vida nos vai dado para sermos felizes.

Deixei-lhe estas palavras no face "...há 16 anos dávamos início à nossa vida em conjunto. Tu regressando de outro país para começarmos uma nova etapa em Portugal. Agora foi a minha vez de deixar Portugal e ir até Marrocos comemorar contigo mais um aniversário de vida em comum.

 Obrigada por me fazeres feliz."

A reposta dele deixou-me de lagrima no olho "...uma  rosa para ti querida e mais um montão de anos juntos. Um brinde a nós dois e obrigado a todos os que nos felicitaram."