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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Tudo começou à cerca de 2 semanas atrás quando o Miguel veio a Portugal. Veio para passar o meu aniversario e ao mesmo tempo para concretizar um dos nossos planos. Planos que comprar um carro. Já tínhamos decidido que compraríamos um para ele e o dele ficaria para mim e assim desfazia-me do meu que tantos problemas e tantas contas altas me dava. Para quem não sabe não ligo nada a carros, não tenho nenhuma marca de carro ou modelo que seja o meu sonho e qualquer carro desde que ande e não dê problemas é bom. Ah, e a meu ver quanto mais simples melhor. Portanto quando ele me falava que tinha isto e aquilo, coisa que para mim era chinês e  depois de me explicar o que era, eu perguntava "Mas isso é preciso?", "Mas quando avariar vai ser uma pipa de massa, não é?". 

Depois de escolhido foi altura de o experimentar e aqui começou a minha dor de cabeça. Aquilo é automático e tinha montes daquilo que eu chamo "paneleirices". Caso para dizer que se quando ando com o carro dele por vezes carrego em todos os botões para abrir o deposito da gasolina, andando naquele nada me admiro que carregue em algo e seja injectada pelo tecto. 

Conduzi-o e adorou (coisa que não entendo) e quis que aqui a menina também o fizesse. Recusei. Então nunca conduzi uma coisa daquelas, o carro não era meu, ainda por cima com o vendedor lá dentro como é que me iria sair? Mal, certamente e por isso disse NÃO.

Negocio fechado e foi combinado que logo que tivesse toda a documentação me contactaria para entregar o carro. Ora mais uma dor de cabeça. Eu tinha de ir buscar o carro, carro esse que me tinha recusado a conduzir, aquele em que o pé esquerdo tem de estar quietinho e só o direito é que trabalha. Sim, senhora estava metida numa alhada. Noites de sono mal dormidas à custa disto.

A parte melhor para mim, não era ter um carro novo, mas livrar-me do meu que tanta dor de cabeça me dava. Na altura expliquei ao senhor que o único problema que ele tinha era o limpa para brisas do lado do pendura estar avariado. 

Na minha ideia e como na semana anterior o tinha tirado do castigo (estava fechado na garagem), em que o tinha colocado quando me presenteou com a ultima avaria, achei que era dar a chave e que ele andava. Puro engano. O estúpido recusou-se a andar. Ora na minha cabeça a bateria tinha ido à vida, o que queria dizer que ia ter de gastar mais dinheiro. Só ia saber quando o mecânico lá fosse, mas poderia ser apenas falta de carga. Achei que o melhor era só o chamar no dia da entrega. Mais umas noites a dormir mal.

Na terça feira o vendedor liga-me para combinar a entrega. Peço-lhe para ser na quinta, isto para ter tempo para o limpar por dentro e para o lavar por fora. Sim, gosto muito de fazer limpeza em casa, mas o carro costuma andar pior que as barracas dos ciganos.

Em conversa com o Miguel diz-me que o melhor era ligar ao mecânico e combinar com ele no dia antes para ter tempo de o deixar pronto ou para dar tempo de resolver algo que fosse necessário. Eu só reclamava e dizia que culpa era dele, pois quis comprar carro e eu é que tinha ficado com tudo para resolver. Ele ria e dizia "tu vais gostar tanto de conduzir o outro que vais querer ficar com ele para ti", "Mas porque raio sofres por antecipação quando sabes que vai tudo correr bem?". Ainda fiquei mais danada.

Fiz como me disse e ontem liguei ao mecânico. Combinamos que vinha ter comigo para colocar o carro a trabalhar. Enquanto as horas iam passando eu ia pensando nos meus problemas:

-Colocar o carro a trabalhar sem gastar muito dinheiro;

-Fazer isso antes das 15,30 h  uma vez que ia trabalhar;

-Acreditar que o carro no dia seguinte iria pegar quando o fosse entregar;

-Pedir a S. Pedro que não mandasse chuva, pois o limpa para brisas não funcionava e a chover o carro não podia sair;

- Conseguir trazer o carro novo inteiro até casa.

Como se não bastasse ainda me lembrei que da ultima vez que tinha andado com o carro ele tinha acendido a luz da reserva. A questão era se a gasolina daria para andar com o carro uns quilómetros até a bateria carregar e depois faze-lo chegar à bomba.

Pois, ontem para me deixar ainda mais ansiosa, nervosa e irritada o mecânico não apareceu. Felizmente que  o meu trabalho me impede de pensar nos problemas. Está explicado o meu estado de ontem e também deverão calcular o que o Miguel teve de ouvir quando falei com ele à noite. A noite foi péssima e além de ter sonhado que tinha trazido o carro novo aos soluços e que toda as pessoas olhavam para mim a gozar, o meu gato decidiu andar a brincar com a irmã gata e aterrou em cima da minha cara. Resultado um olho negro, inchado e cara arranhada.

Depois deste incidente já não consegui dormir mais(se se pode dizer que tenha dormido) e vou até à janela para ver o estado do tempo. Felizmente S. Pedro não mandou chuva. Menos um problema.

Telefono ao mecânico que me diz que dentro de meia hora está aqui. Assim foi. Cabos ligados, dou à chave e o carro trabalha. Ufa, menos um problema.

Ando vários quilómetros, sempre a olhar para a luz laranja da gasolina, ou melhor da falta dela e rezo que que chegue à bomba. Achei que os quilómetros que tinha feito eram suficientes para o carro não deixar de trabalhar. Claro que na bomba tive de o desligar e quando vou para me ir embora ele não pega. Mentalmente chamei tudo ao carro. O sr. da bomba prontificou-se a ir buscar os cabos para o por a trabalhar. Sabia que a única alternativa era, caso ele quisesse andar leva-lo directamente para o stand. Portanto nada de aspiração, nem de lavagem.

Assim foi. Felizmente o vendedor é porreirinho e não se importou do estado do carro. Afinal vai ser abatido. Castigo mais que merecido, depois de me ter infernizado a vida durante alguns anos e até ao ultimo segundo.

Faltava apenas fazer desaparecer a ultima dor de cabeça e diga-se não menos importante. Conduzir o carro até casa. Depois de uma explicação do vendedor lá cheguei a casa sã e salva assim como o belo carrinho. Sem soluços.

Confesso que nem olhei para o painel, que mais parece o da cabine do avião que o piloto mostrou .

Tudo correu bem e todas as ansiedade, medos, noites mal dormidas, com o Miguel foram desnecessárias. Espero que  a paciência dela não esgote, pois corro o risco de um dia me trocar por camelos (na melhor das hipóteses).

Sei que vos deixei ontem na expectativa, sem explicações e por isso sei que não mereço resposta, mas estou curiosa em saber a vossa opinião. É compreensível esta ansiedade? Os homens viriam as coisas tão negras como eu?

 

 

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