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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Confesso que achei que estava a exagerar, pois ali estava ela a falar normalmente sem sinal da doença. A minha experiência com o Alzheimer nos idosos que cuido é bem diferente, pois quando vão para a Instituição vão com a doença muito evoluída.

Sempre que estavamos com o meu sogro perguntávamos como estava a sua Josefa. "Uns dias bem e outros mal em que não sabe onde pões as coisas", dizia ele.

Um dia contou-nos que ela tinha ido lá a casa e depois de ir embora lhe tinha ligado a perguntar se não tinha lá deixado a mala. Depois de lhe dizer varias vezes que não e ela dizer que de certeza que a tinha deixado resolveu lá ir para ver com os próprios olhos. Contou-nos que lhe tinha dito " Josefa telefonaste-me de casa portanto quer dizer que entraste em casa e tinhas a mala de certeza porque a chaves de casa estavam lá dentro. Portanto a mala tem de estar dentro de casa".

Acabou por lá ir com ela e depois de procurarem encontraram-na dentro do roupeiro.

Durante algum tempo ainda ia ter com ele e saiam, mas as visitas foram ficando cada vez mais espaçadas. Sempre que lhe falávamos nela víamos a tristeza dele. 

A semana passada acompanhei-o à uma consulta no medico de família e enquanto esperávamos conversávamos sobre a Josefa. Falava-me das saudades que tinha de estar com ela, em como ela era muito boa para ele e que nunca tinha havido um amuo ou zanga durante os 11 anos que saiam juntos. 

Tanto eu como o Miguel achávamos que por vezes ainda se viam e só ali tive a certeza que a ultima vez tinha sido há 3 meses. Questionei-do do porquê de não ir visita-la. Disse-me que não o conseguia fazer pois tinha receio de ser o causador de problemas com as filhas e de faltar alguma coisa lá de casa e acusarem-no. Disse-lhe que não devia de pensar assim e que tinha de pensar nele e nela, que estarem juntos ia fazer bem aos dois.

Decidi ali que tinha de fazer alguma coisa e digo-lhe " Sr António então e se eu for lá consigo?"

Com um sorriso enorme diz-me "Isso era maravilhoso. Vocês vai mesmo comigo?"

Combinámos então que na semana seguinte lá iríamos.

Assim do nada começou com uns arrotes estranhos e perdeu os sentidos. Chamei-o varias vezes e vendo que não reagia acabei por ir chamar por ajuda.

Os sinais vitais estavam normais, mas como vomitava e cambaleava um pouco a medica achou melhor ir ao hospital.

Esteve lá varias horas e os vários exames não demonstraram nenhum problema.

O Miguel acha que foi a emoção de saber que ia ver a sua Josefa novamente.