A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.
A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.
Tinha chegado a Tanger há 3 dias e pouco e o sol tinha estado presente, mas na terça feira acordei com chuva. Não era forte, mas ainda assim era chuva capaz de me fazer desistir do passeio que tinha combinado, dar nessa tarde.
Tinha combinado com a Nayara, uma marroquina mulher de um português que já vivia há uns anos naquele país, que nessa tarde me iria levar a conhecer a parte antiga. Conseguimos comunicar sem grandes problemas, pois fala francês e espanhol.
À hora combinada lá estava ela em minha casa e quando me pergunta "bamonos"(favor fazem entoação de espanhol) ainda hesitei, mas depois pensei "não posso perder esta oportunidade". Quem melhor do que uma marroquina para me mostrar a cidade? O Miguel estava a trabalhar e apesar de lá estar quase há uma ano não conhecia essa parte mais antiga.
Fomos sem chapéu de chuva, não queria nada a ocupar-me as mãos para poder tirar fotos, ainda que a chuva caísse.
A primeira aventura foi atravessar a grande avenida. Certo que não era hora de ponta e o transito não anda em grandes velocidades, mas o transito caótico e desgovernado estava à minha frente. 3 faixas de cada lado, apenas divididas por duplo continuo. Ainda tentei ir até à passadeira, mas ela diz-me "non, non passamos aqui". Aqui??? Perguntei eu aflita. Pega-me no braço atravessamos as 3 faixas e leva-me até ao duplo continuo, esperando que o proximo carro abrandasse. Acho que fechei os olhos tal era o medo que algum carro me "passasse a ferro". Mais um puxão no braço e estava do outro lado. A coisa não tinha corrido mal.
A seguir começava outra aventura. Um táxi, precisávamos de táxi. Não que fosse difícil arranjar, pois lá são às centenas, mas arranjar vazio e com aspecto de não nos deixar a pé era coisa difícil.
Há dois tipos de táxi, os azuis que pode apenas levar a pessoa que o manda parar ou levar outras pessoas para outro destino, mas que têm contadores em que cada um paga o que anda e os cremes que vão apanhando as pessoas pelo caminho e todas pagam a mesma quantia. Estes ultimos são Mercedes normalíssimos, bem o melhor será dizer velhos que levam 7 pessoas. 4 atrás(bem apertadinhos e 3 à frente. Cintos de segurança? Muito difícil encontra-los.
Voltando ao passeio, arranjamos um táxi onde entrei eu e a Nayara. Depois de arrancarmos paramos mais 4 vezes para entrarem os restante ocupantes. É chato irmos com pessoas que não conhecemos, mas a quantia que pagamos é tão pouca que não podemos reclamar. Cerca de 10 quilómetros pagámos 14 Dirham, cerca de 1, 20 €.A condução do taxista? Deixou-me com os nervos em franja. Nas rotundas achei que iríamos ter acidente. Metia-se de qualquer maneira e por varias vezes via os carros com prioridade a pararem bem perto do táxi onde eu ia. Devo esclarecer que este taxista é exactamente igual a todos os condutores que aqui conduzem. O Miguel costuma dizer "conduzir em Portugal é para crianças".
Chegadas ao centro da cidade e respirando de alivio damos inicio ao nosso passei que durou 3 horas, à chuva.
Encontrei um labirinto de ruas estreitas, a grande maioria a subir e em que cabiam pouco mais de 2 pessoas, lojas e mais lojas típicas, vistas maravilhosas....
Confesso que por varias vezes lhe perguntei "És séguro?", ao qual respondia "sim, sim, no problema". Tive algum receio e jamais me meteria naquelas ruelas sem ser acompanhada por alguém que as conhecesse. Por diversas vezes pensei " se alguém me agarra bem posso espernear ou gritar que não tenho salvação possível". Levou-me ao topo da muralha em que as ruas eram feitas de degraus, em que as casas estavam tão perto uma das outras que a vizinha chegava à janela da frente. O objectivo era chegar a um café dos mais típicos da zona, mesmo no topo. Não foi fácil ali chegar, o cansaço era muito, mas valeu cada gota de suor.
Táxi sem cinto de segurança
Uma das muitas ruas onde cabe pouco mais de 2 pessoas
Uma das muitas ruas com inclinação acentuada e com imensos degraus
Uma das vistas magnificas e o inicio de mais uma grande subida
Umas das muitas lojas repletas de cor e cheiro intenso a especiarias
No topo (daqui falarei no próximo post)
Depois da minha chegada a Tanger organizei mentalmente o que queria fazer durante a semana, já que o Miguel iria trabalhar. A casa estava arrumadinha, mas as mãozinhas de uma mulher ainda poderiam deixar as coisas mais organizadas. Escolhi a segunda feira para fazer a tal organização e fazer algumas compras.O Centro comercial fica a 5 minutos a pé e apesar de nunca ter saído sozinha, iria arriscar. Confesso que estava um pouquito ansiosa, não sabia se teria de falar alguma coisa ou se algum homem se iria meter comigo, apesar do Miguel me tranquilizar.
Entrei numa das lojas de bijuteria que já conhecia e comprei uns brincos para a filhota. Desenrrasquei-me com algumas palavras em francês e a coisa correu bem. Na parte de alimentação foi engraçado, fiz o gesto ao peixeiro que queria 2 robalos e deu-se inicio à conversa numa mistura de francês, espanhol e português. Logo que soube que eu era portuguesa o tema futebol e Cristiano Ronaldo veio à baila. A coisa correu muito bem e sai de lá com todas as compras que queria.
Ir às compras nas grandes superfícies em Tanger ou em Portugal é muito semelhante, quando chega a hora de pagar. Tal como cá convém comprar marcas brancas para não se gastar muito. Ainda assim há alguns produtos de marca que conseguem ser mais baratos do que cá.
Pergunto-me como conseguem a grande maioria dos marroquinos sobreviver com um ordenado de 250 € (ordenado mínimo)?
Quanto à disposição dos produtos nas prateleiras, as únicas diferenças que notei foi na quantidade infindáveis de farinhas, nos bolos com aspecto (e sabor) delicioso e os montes de farinha, arroz e especiarias em avulso. As cores são lindas, mas os cheiros(bastante intenso) incomoda-me um bocado.
Desta minha saída trouxe estas fotos para recordação
Quisemos aproveitar o Domingo para o Miguel me levar a conhecer algumas cidades. Saímos cedo rumo a Castillejos. Para lá chegar procuremos cerca de 42 km, quase sempre a subir montanhas e mais montanhas, mas com uma paisagem linda. Pena não ter conseguido tirar fotos de uma das montanhas mais alta e mais bela. Infelizmente as nuvens tapavam-na.
Chegados à cidade, fomos estacionar. Coisa não muito fácil, mas lá vimos um "Zit Zit" e fomos estacionar. Imagino que estejam a perguntar o que é um "Zit Zit"? Muito fácil, é aquilo que o Miguel chama aos arrumadores de carros, pois é o que eles próprios dizem quando nos estão a ajudar nas manobras. Deve corresponder ao "venha, venha" Por todo lado os há e é um habito dar uma moedinha (coisa que aqui a "Je" em Portugal não tem o habito de fazer. Este "Zit Zit, vendo o carro tão sujo perguntou se não o queria lavado. Com 3 Dirham (cerca de 30 cêntimos ficou a brilhar).
Lavar o carro por dentro e por fora, numa bomba custa apenas 30 Dirham (cerca de 2.70€ ). E segundo o Miguel fica impecável.
Voltando à cidade, tem uma avenida enorme muito bem cuidada (como todas as que conheci), que separa as lojas da praia, um mercado com centenas e centenas de vendedores e um labirinto de centenas de lojas (Souk) capaz de nos fazerem perder o rumo. Falo em pequenas lojas que se situam muitas delas por baixo de prédios que se ligam entre sim.
Antes do almoço e para abrir o apetite fomos a uma pastelaria te tinha uns bolos deliciosos. Ali os preços são idênticos aos de Portugal, comparando a qualidade e o aspecto. Um café 13 Dirham (1, 20€), e cada bolo 16 Dirham ( 1,45 €)
Acabámos por almoçar uma bela fritada de peixe, por 190 Dirham ( cerca de 17€ ) .
Seguimos até Tetouan que fica a 31 km de Castillejos. Esta é a cidade onde se vai realizar o casamento, que muito dificilmente iremos. Adoraria ir, é certo, mas o facto de ser às 22 horas, termos de fazer vários quilómetros por montanhas e ter de regressar para Portugal no dia seguinte faz-nos hesitar. Veremos.
Esta cidade é considerada uma das mais limpas de Marrocos e realmente assim me pareceu. Infelizmente as lojas estavam fechadas. Acredito que deva ao horário já que eram pouco mais de 15.30 h.
De regresso paramos na Marina Smir, para beber um delicioso sumo por 23 Dirham (cerca de 2 € ). Aquela zona fez-me lembrar a Marina de Vila Moura, com os seus bares e belos iates.
De regresso a casa vi coisas que achei impossíveis alguma vez ver, mas isto ficará para um próximo post.
Montanhas e mais montanhas
Chegada a Castillejos
Passeio marítimo de Castillejos
Rega manual de vários quilómetros de relva
Pastelaria Troya em Castillejos
Mercado
Mesquita em Castillejos
Almoço delicioso
Avenida de Tetouan
Café em Marina Smir
Marina Smir
Com o aniversario da filhota a aproximar-se o Miguel resolveu comprar um perfume, para depois manda-lo para Portugal.
Para sorte dele a funcionaria da perfumaria falava um pouco de espanhol. Apesar de já ir com a ideia do qual comprar ela apresentou-lhe outras opções, mas como não os conhecia disse-lhe que gostava de sentir o aroma.
Seria de esperar que fosse buscar as tiras que conhecemos, para as borrifar com os perfumes, mas em vez de o fazer agarrou-lhe o braço e borrifou-o com alguns deles. A situação era era engraçada, mas o objectivo que era escolher o perfume e isso estava a ser difícil, tal era a quantidade de cheiros que pairavam em todo o braço. Apontou-lhe para o braço e disse-lhe que assim era impossivel decidir, ela com com um sorriso diz-lhe " problemas?".
Ora pois claro que iria ter problemas se me chegasse a casa a cheirar a perfume de mulher. Sorte a dele estarmos a muitos quilometros de distância.
Não tinha tiras de cartolina, mas arranjou um monte de lenços de papel. E assim foi feita a escolha.
A nossa admiração acerca desta situação caricata foi por ser numa verdadeira perfumaria e não numa loja qualquer.
Ah, chegou a casa e teve de tomar um banho tal era a quantidades de cheiros.
Felizmente foi possível o Miguel tirar a sexta feira para podermos conhecer um pouco mais de Tanger e as arredores. Depois do pequeno almoço rumamos à bomba de gasolina para alimentar o carro. Digamos que a diferença entre o preço cá e o preço em Marrocos tem uma difereça significativa. 1 litro custa 13,17 Dirham Marroquino (MAD) o que quer dizer cerca de 1, 19 €.
Seguimos para Asilah, uma cidade a cerca de 40 quilómetros de Tanger. Tem uma parte rodeada de muralha (curiosamente construída por portugueses), que faz lembrar Óbidos. Ruas labirínticas, muitas paredes pintadas com desenhos, portas com cores fantásticas, lojas com produtos típicos e gatos, muitos gatos.
Decidimos parar neste restaurante para almoçar.
Quanto ao almoço e poderá interessar a alguém o preço de uma fritura de peixes, uma paelha (para 1 pessoa), as entradas, 2 sumos naturais, 1 agua e 1 café foi cerca de 18 € para os dois. Confesso que fiquei um pouco desiludida com a comida neste restaurante, mas provavelmente porque as especativas eram grandes.
Depois de almoçar e dar almoço à gatita que apareceu à nossa mesa fomos pela costa para conhecer as praias. A paisagem é muito semelhante à nossa. Quanto à temperatura da agua não posso indicar, pois não lhe toquei, mas o passeio foi muito agradavel.
As mudanças, sejam elas no que for normalmente geram stress, medos, ansiedade e muita chatice. Pois nestes últimos 5 meses a minha vida está repleta destes sentimentos e de muita, mas muita chatice e percalços. Felizmente que este dois pontos nada têm a ver com a viagem do Miguel, mas sim da minha mudança de casa. Sim, sim aqui a "Je" mudou de casa, mas isto é outra história que dará pano para outros post para mangas.
E claro que a minha falta de posts e de visitas nos blogs que gosto se deve à falta de tempo e à "morte" temporária do PC, que resolveu dar-lhe o fanico na pior altura.
Para descansar os neurónios, que estavam a dar as ultimas nada melhor do que uma semanita de férias em Marrocos. A viagem já estava comprada desde julho, mas não podia ter vindo em melhor altura.
Pois, é estou por terras marroquinas e junto ao meu amor.
Não me recordo se no antigo blog eu tinha referido o meu medo de andar de avião, mas isso não impedimento para vir até cá. Confesso que quando vi o aviãozito a hélices não me senti lá muito segura, mas a viagem correu maravilhosamente bem. Certo que o sedoxil deu uma ajudita e até me ajudou a dormir numa viagem que durou cerca de 1 hora e 15. Isto apesar do avião fazer uma barulheira terrível, tanta que até deram uns tampões para os ouvidos. Os meus serviram para descontrair enquanto os ia amassando com os dedos. Fazem lembrar as gomas e só não os coloquei na boca com medo de adormecer e me engasgar.
Já no aeroporto de mala na mão a caminhar para o Miguel acredito que quem olhou para os nossos sorrisos viu amor, paixão e muito desejo.