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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Creio que a grande maioria das empresas que não fecham para ferias nesta altura "obriga" os empregados a trabalhar ainda mais, já que muitos empregados tiram ferias em Julho e Agosto. Isto para dizer que tenho andado de rastos e para tentar arranjar um pouco mais de força para conseguir trabalhar até às ferias de Setembro resolvemos ir passar o fim de semana fora.

Foi óptimo (contarei pormenores noutro post), deu para descansar, comer bem e apanhar sol. 

E o que nos apetece fazer quando chegamos a casa?

Nada, apenas ficar esparrameirada no sofá certo?

Era exactamente o tinha planeado, mas a minha gata Maria Pipoca tinha outros planos para mim.

Então não é que anda com o cio e tinha todos os cortinados marcados? Como quem diz, urinados.

Em vez do sofá agarrei-me à maquina de lavar e à esfregona.

Estou de rastos!

 

 

 

 

Apesar de já termos ido ao México optámos por este ano irmos para o mesmo destino que 2014.

Este ano não queríamos fazer grandes excursões, daquelas em que saímos bem cedo e que voltamos ao fim do dia quase mortos de cansaço. 

Quando escolhemos a mais alta pirâmide de Coba nunca pensamos que iria ser tão cansativa e dolorosa...mas tão magnifica.

O tempo de viagem foi relativamente curto, o preço estava dentro do orçamento, a temperatura não estava tão alta como nos dias anteriores e a expectativa era muita.

O nosso guia explicou-nos que ao longo do percurso nos ia mostrar outros pontos de interesse até chegar  à principal pirâmide de Coba e que podíamos optar por ir a pé ou de bicicleta.

Optámos por ir de bicicleta.

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Ao longo do percurso fomos conhecendo um pouco da historia

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Chegados ao ponto principal questionava-me se iria conseguir subir os 120 degraus. Olhar para ela deixava-me ansiosa e assustada.

Eu e o Miguel tínhamos combinado que não iríamos desistir  e que por mais difícil que fosse não iamos desperdiçar aquela oportunidade.

Ao longo da subida a temperatura que até ali era suportável parecia que tinha triplicado. Os degraus que sabíamos serem difíceis tornaram-se dolorosos. Ia subindo e pensando "não vais desistir, não vais desistir" e não desisti.

Já lá em cima os dois de mão dada olhávamos a vista magnifica. Mais um sonho nosso tinha sido concretizado.

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Se subir tinha sido difícil descer foi ainda mais difícil. Felizmente havia a corda para ajudar, mas a irregularidade e o tamanho dos degraus não ajudava em nada. E olhar para o final? Terrivelmente assustador para quem não gosta de alturas.

Já no ultimo degrau senti a cabeça à roda. Pensei eu "caraças como vou eu conseguir fazer o percurso de bicicleta até ao autocarro?". 

O Miguel estava tão de rastos como eu e apoiávamos-nos um ao outro. Quando pegámos na bicicleta achámos que iria ser impossível, mas as brincadeiras ajudaram a chegar.

Apesar da minha cara de cansada, valeu a pena a experiência. 

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...e eu comprovo.

Depois de trabalhar 10 horas e sendo daquelas noites terríveis em que uma utente cai e tem de ser enviada para o hospital, em que caio também e além de bater com os joelhos no chão ainda bato com o braço no roupeiro, que viro um jarro de agua inteirinho para o chão e que as campainhas não dão descanso, só quero chegar a casa e dormir.

Às 9,30 já estava deitada à espera que o sono chegasse (quanto mais cansada mais dificuldade tenho em dormir) e finalmente chegou pois às 10,30 acordo com o telemóvel a tocar. Era a mãezinha que pretendia fazer um visita. Não tive coragem de dizer que não. O tempo que aqui estiveram eu estive tipo zombie.

Quando foram embora era perto da hora do almoço e apesar de estar cheia de sono resolvo comer primeiro.

Cerca das 2.30h lá estava eu deitadinha. Creio que adormeci de imediato. 1 Hora depois acordo com o som do telemóvel. Era uma amiga que já não via há bastante tempo.  Ainda hesitei, pois achava que o motivo tinha  a ver com política. Não me enganei.

Segundo ela o motivo principal era combinarmos um cafezito, mas aproveitava para me convidar para fazer parte das listas do candidato que ela apoiava . Recusei pois claro, ainda mais sendo ela filiada num partido que detesto e que apoia um candidato à Câmara Municipal que não simpatizo.

Alguém merece isto?

O sono tinha dado lugar à irritação. Para a combater fui para a cozinha

Este foi o resultado 

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Bolo de iogurte recheado com natas e manga.

Já devorei algumas fatias, mas esta sensação de cabeça pesada continua.

 

 

 

No outro dia durante uma reunião e depois de já termos debatido os pontos importantes falávamos da nossa vida. De sentimentos, gostos e atitudes. Veio à baila o tema afectos. Algumas adoravam beijinhos e abraços, outras nem tanto. Uma delas era eu. 

Considero-me uma pessoa simpática e carinhosa (tem dias), mas sem envolver muito toque de pele.

Apesar de ser ter falado em alguns motivos, ou situações que pudessem levar as pessoa a evitarem esses afectos não me revi em nenhum.

Vim para casa a pensar que no meu caso seria uma questão de feitio, mas dias mais tarde voltei a pensar no assunto. Tinha voltado de ferias e uma das colegas viu-me e veio dar-me um abraço. Fiquei a pensar porque raio não era capaz de tomar essa iniciativa? Havia alturas que me apetecia fazer uma festa, dar um abraço, dar um beijo mas parecia que ficava bloqueada.

Veio à memoria algo que há muito não me recordava, mas que me fazia arrepiar e sentir nojo.

Tinha eu uns 11/ 12 anos quando a minha mãe me levou a um medico bastante conceituado da cidade. Apesar do senhor ser pneumologista era onde a grande maioria das pessoas recorriam quando havia algum sinal de doença. Nesse dia não sei de que padecia eu, mas  o medico disse à minha mãe que me ia tirar um RX. Ela ficou no consultório e acompanhei-o a uma divisão escura. Não me recordo se me tirou algum Rx, recordo-me de me dizer que me ia fazer uns exercício de relaxamento. Colocou-se atrás de mim e abraçou-me com força, varias vezes. Não me tocou nas partes intimas, mas recordo-me de sentir todo o seu corpo contra o meu. 

Na altura apesar de achar tudo aquilo estranho e me sentir muito desconfortável não contei aos meus pais nem a ninguém. Afinal era um medico muito importante em que todos confiavam e se fazia aquilo é porque fazia parte do tratamento.

Não sei quantos meses depois a minha mãe acabou por me levar lá novamente. E novamente lá fui para o quanto escuro e mais uma vez os mesmos "exercícios" e a mesma sensação de desconforto. Eu ficava imovel e sentia aquele corpo nojento colado ao meu.

Naquela altura não havia a informação que há hoje. Não sabia o que era assedio e abuso. Não sabia que ele estava a ter satisfação sexual.

Felizmente não voltei lá e esqueci o episódio até ao dia em que em conversa com uma amiga falámos no tal medico. Descobrimos que ambas vivemos situações iguais. Também ela achava estranho, mas não questionava nem nunca tinha contado a ninguém. 

Não sei se estes dois episódios que vivi influenciaram este meu pouco à vontade em abraçar e tocar, mas acredito que sim.

Tal como acredito que muitas mais crianças e adolescentes tenham sofrido estes abusos e escondido tal como eu e a minha amiga.

E será que nunca foi mais além com ninguém?

 

A cliente da charcutaria que estava antes de mim pediu à funcionaria mortadela. Ela pergunta "com azeitonas ou sem?"

A outra diz " com azeitonas".

A resposta da outra deixou-me com um sorriso e a pensar que por vezes fazemos perguntas sem lógica.

"Com azeitonas não temos"

Não tinha mais lógica dizer logo que só tinha mortadela sem azeitonas?

 

Resultado de imagem para mortadela com azeitonas

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Estávamos numa conversa sobre telemóveis em que a minha mãe dizia que cada vez percebia menos do telemóvel. 

O meu diz " Fazes como eu pegas num martelo e partes-lo todo como fiz ao meu".

Eu tinha a certeza que falava verdade, mas ainda lhe perguntei "tu não fizeste isso pois não?"

Confirmou que o tinha feito. Questionei-o do porquê e diz-me "Então não percebia nada daquilo danei-me e parti-o".

-Partiste-o? Então entretanto se te danares com o carro pegas num martelo e partes o carro todo?

-Sou bem capaz disso.

O grande problema é que não tenho duvidas nenhumas que o possa  fazer.

Oh Deus que eu tenho um pai louco.