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Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

Marrocos e o destino

A ida do maridão para Marrocos trouxe muitos imprevistos, peripécias, aventura e muitas saudades. É aqui que irei tentar "expulsar" os medos, as tristezas, as alegrias e as saudades.

De partida para Portugal daqui a algumas horas e com um misto de sentimentos. As saudades são muitas, da filhota e dos gatos que não vejo há uma semana e depois por mais estranho (porque ainda não fui) que possa parecer as saudades do maridão começam a dar sinais.

Na memoria ficaram os belos momentos que passamos juntos, a descoberta ainda que pouco de uma cidade que me deixava de pé atrás e os sentimentos que ainda ficaram maiores (se é que é possível).

O desejo que poder regressar novamente é grande…

 

 

 

 

 

 

Para o Miguel e conhecendo-o como conheço estas minhas mini ferias não são bem o que ele idealizava. Sei que gostaria de me levar a conhecer alguns locais característicos da cidade e arredores e até ele próprio ficar a conhecer, pois os poucos meses que aqui está e o facto de estar sozinho não o puxa muito para ir à descoberta.

Quanto a mim, não poderia pedir mais. Os dias que tenho ficado em casa à espera dele regressar do trabalho tem sido passados a fazer algumas arrumações, embora tenha encontrado uma casa organizadíssima, mas umas mãos e uma visão feminina consegue colocar uma casa em melhor funcionamento. Não sou grande amante de cozinhar, apesar de me considerar boa cozinheira, mas tem-me dado um prazer enorme cozinhar para ele comida que gosta e que sei que tem saudades.

Os pequenos passeios dados com ele depois do jantar deixam-me satisfeita. Andar entre os prédios do grande condomínio e apreciar os belos espaços verdes, caminhar até ao hipermercado bem pertinho de casa, espreitar as lojas em saldos, chegar a casa e aninhar-me juntinho a ele deixa-me de coração cheio.

Não preciso de muito para ser feliz.

Amanhã, em princípio será para conhecer uma aldeia típica, isto se conseguir tirar o dia.

E como nem tudo é perfeito há algo que me deixa triste. Os gatos, a grande quantidade de gatos na rua. Alguns com fome, alguns doentes que me deixam de lagrima no olho. A vontade enorme de os levar para casa é combatida com o bom senso que ainda me resta. Mas acreditem que tenho feito um esforço enorme para não cometer a loucura de obrigar o Miguel a adotar muitos um.

 

Ontem foi dia de aniversário de vida em comum.

Há 16 anos dávamos início a algo que a grande maioria das pessoas conhecidas achavam ser apenas uma aventura, uma loucura e algum oportunismo da minha parte em relação à parte monetária (que não existia, mas as pessoas achavam que era rico) e da dele apenas aproveitamento carnal.

Pois, bem temos vivido grandes aventuras, temos tido algumas loucuras e aproveitamos todas as oportunidades que a vida nos vai dado para sermos felizes.

Deixei-lhe estas palavras no face "...há 16 anos dávamos início à nossa vida em conjunto. Tu regressando de outro país para começarmos uma nova etapa em Portugal. Agora foi a minha vez de deixar Portugal e ir até Marrocos comemorar contigo mais um aniversário de vida em comum.

 Obrigada por me fazeres feliz."

A reposta dele deixou-me de lagrima no olho "...uma  rosa para ti querida e mais um montão de anos juntos. Um brinde a nós dois e obrigado a todos os que nos felicitaram."

 

 

 

 

 

Depois do maridão me ir buscar ao aeroporto rumamos a casa. Soube bem sentir que aquela também era a minha casa e apesar de já ter visto fotos da casa e das zonas envolventes o coração ficou bem mais tranquilo por ver que ele tem todas as condições para viver com comodidade.

Isso era algo que antes de ir falávamos. Não se justificava sair do país para viver sem comodidade e passar dificuldades, isto porque estava empregado e ganhava relativamente bem. Claro que a ida para outro país é sempre um risco e as coisas por vezes são imprevisíveis.

Emigrar trás muitas despesas e há que haver dinheiro para iniciar a vida. Não são apenas as passagens, mas a renda de casa e neste caso além do mês de renda, do mês de caução ainda se tem de pagar um mês de comissão à imobiliária. Não sei se todas elas funcionam assim em Tanger, mas a que arranjou casa ao Miguel é assim que trabalha. Felizmente a casa tinha tudo o que era necessário para viver, desde eletrodomésticos, mobília, loiças, atoalhados, TV e aparelhagem. Os contadores da água e luz estão sempre prontos a ser utilizados. Portanto até aqui não houve dificuldades. O problema maior foi instalar a Net e os canais de TV portugueses. Nada que 6 meses pagos antecipadamente não resolvessem e evitassem mais stress.

Depois da minha chegada combinámos ir jantar a um restaurante perto de casa onde ele é cliente frequente. Ora aqui começou o meu primeiro “problema”, o que iria eu vestir? Ou melhor o que poderia eu vestir? Apesar de ele me dizer que aqui havia mulheres todas tapadas, haviam outras normalíssimas que apenas usavam lenço e outras que se vestiam como nós. A minha dúvida era se podia ir com umas calças justas, se isso não iria suscitar algum "motim"? Estou a brincar, mas tinha receio de ser olhada de lado. Outra coisa que me fazia confusão era em relação aos cumprimentos. Chegada ao restaurante vi que as minhas duvidas não tinham razão de ser. Fui cumprimentada por um enorme aperto de mão e com um enorme sorriso pelo gerente. A língua também não foi problema, pois fala bem o espanhol.

A comida, essa foi deliciosa.

 

 

 

As mudanças, sejam elas no que for normalmente geram stress, medos, ansiedade e muita chatice. Pois nestes últimos 5 meses a minha vida está repleta destes sentimentos e de muita, mas muita chatice e percalços. Felizmente que este dois pontos nada têm a ver com a viagem do Miguel, mas sim da minha mudança de casa. Sim, sim aqui a "Je" mudou de casa, mas isto é outra história que dará pano para outros post para mangas.

E claro que a minha falta de posts e de visitas nos blogs que gosto se deve à falta de tempo e à "morte" temporária do PC, que resolveu dar-lhe o fanico na pior altura.

Para descansar os neurónios, que estavam a dar as ultimas nada melhor do que uma semanita de férias em Marrocos. A viagem já estava comprada desde julho, mas não podia ter vindo em melhor altura.

Pois, é estou por terras marroquinas e junto ao meu amor.

Não me recordo se no antigo blog eu tinha referido o meu medo de andar de avião, mas isso não impedimento para vir até cá. Confesso que quando vi o aviãozito a hélices não me senti lá muito segura, mas a viagem correu maravilhosamente bem. Certo que o sedoxil deu uma ajudita e até me ajudou a dormir numa viagem que durou cerca de 1 hora e 15. Isto apesar do avião fazer uma barulheira terrível, tanta que até deram uns tampões para os ouvidos. Os meus serviram para descontrair enquanto os ia amassando com os dedos. Fazem lembrar as gomas e só não os coloquei na boca com medo de adormecer e me engasgar.

Já no aeroporto de mala na mão a caminhar para o Miguel acredito que quem olhou para os nossos sorrisos viu amor, paixão e muito desejo.

 

A primeira ida do Miguel para Marrocos foi de avião, apesar de ter ficado aqui de coração apertadinho estava tranquila, pois tinha o meu sobrinho à espera no aeroporto. Sim, ter alguém conhecido num novo país é sempre mais tranquilizador. Quando ouvi a voz dele do outro lado a dizer "já cheguei a Tanger e correu tudo bem" as lagrimas saltaram.

Tínhamos conversado e a ideia era ficar apenas uns 3 ou 4 dias em casa do meu sobrinho e depois ir para uma casa apenas dele. Assim foi e assim começaram as peripécias.

A língua oficial é o árabe e embora ele já tenha estado uns anos em Israel não sabe o suficiente para se desenrascar e outra das línguas faladas é o francês coisa que também não domina. Felizmente que o espanhol é uma língua que a grande maioria fala, pois aqui ele safa-se muito bem.

Depois de ver umas quantas casas decidiu-se por uma uns quilómetros fora da cidade, mas mais perto do trabalho. O rapazinho gosta de dormir e quais queres 45 minutos a mais na caminha é começar o dia mais bem-disposto.

 Por um t3 todo mobilado e equipado, desde roupa de cama, loiças e decoração paga cerca de 400 euros.

Enquanto cá quando vamos para uma casa alugada temos de tratar de pedir contador de água, luz e gás, ali a casa está pronta a habitar.

Como são várias imobiliárias a alugar aconselharam-no a mudar o canhão da fechadura, não fosse chegar do trabalho e ter lá inquilinos novos.

Como ele é habilidoso nos trabalhos e bricolage comprou ele mesmo e montou o tal canhão. Serviço feito e chaves experimentadas do lado de dentro deu o trabalho por concluído. O pior foi no dia seguinte quando já do lado de fora da porta e com ela já fechada não consegue que a chave funcione...

 

Tenho esperança de quem seguia o meu último blog venha a encontrar este. Ficaria muito feliz, mas vou deixar que o destino se encarregue disso.

A partida repentina do Miguel para Marrocos fez com que as nossas vidas sofressem muitas alterações. Digo repentina porque menos de 2 meses de chegar a proposta inesperada ele lá estava. Aqui em Portugal fiquei eu e a filhota Rita.

Felizmente a decisão de ir não se prendeu por não ter trabalho, mas um pouco pelo espirito aventureiro e o nosso gosto por conhecer novas culturas, novos países, novos sabores (eu nem tanto, que sou esquisita) e tentar que nosso futuro seja um pouco mais descansado. Claro que ninguém sabe qual vai ser o seu futuro, mas olhando o estado em que está o nosso país temos receio do futuro ser um pouco "negro" (o que não quer dizer que ali também não o possa acontecer). Resolvemos arriscar e como disse aos meus pais, quando me questionaram sobre deixar a estabilidade profissional do Miguel (se ainda existe estabilidade profissional!) e ir começar de novo noutro país "Se não der certo, regressa e começasse de novo e assim não andamos a vida toda a pensar como seria se tivesse ido".

Confesso que achei que seria mais fácil do que está a ser. As saudades são muitas, as rotinas mudaram e por incrível que pareça as peripécias depois da partida dele são mais que muitas e a "je" aqui sozinha para as aguentar e para as enfrentar.

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